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terça-feira, 4 de junho de 2013

RNA DE INTERFERÊNCIA


A interferência de RNA – ou simplesmente RNAi – foi descrita pelos norte-americanos Andrew Fire, da Universidade de Stanford, e Craig Mello, da Universidade de Massachusetts (ambas nos EUA), forma contemplados com o prêmio Nobel pela descoberta de um mecanismo que permite silenciar a atividade de genes específicos e controlar o fluxo de informação genética na célula.
A interferência por RNA (RNAi) é um mecanismo celular responsável pelo silenciamento gênico pós-transcricional que atua sobre o RNA mensageiro (mRNA), ou seja, é esse mecanismo que determinará o fim da vida útil do mRNA, para que não sejam produzidas proteínas além do necessário.
Envolvida neste mecanismo está uma molécula de fita dupla de RNA (dsRNA - double stranded RNA) que, ao ser incorporada na forma ativa a um complexo no citoplasma, se liga a uma sequência de nucleotídeos complementar localizada no mRNA-alvo, ocasionando assim o silenciamento, por inibição da tradução e/ou degradação do mRNA.
O processo de interferência de RNA, que leva à clivagem de um mRNA específico ou ao bloqueio da síntese de proteínas a partir deste mRNA, pode começar:
  • pela injeção de um RNA fita dupla (dsRNA);
  • pela síntese de um RNA que forme um longo grampo (a partir da transcrição de um trecho de DNA genômico ou de um transgene, engenheirado para isso e inserido no genoma do organismo), ou;
  • pela síntese de um RNA de interferência, que será clivado pela enzima Drosha no núcleo, gerando um grampo que será, no citoplasma, clivado de novo pela enzima Dicer.
Quando gera-se um RNA fita dupla no citoplasma (por qualquer um dos 3 caminhos citados acima), as enzimas Dicer vão cortá-lo em pelo menos um fragmento de 21 pb.
Os pequenos fragmentos de dsRNA são então carregados num complexo enzimático formado pela enzima Argonauta e algumas outras enzimas, como uma helicase e uma enzima com domínio ligador de dsRNA, chamada R2D2.
Um das subunidades leva embora uma das fitas de RNA e a outra (em geral, a complementar ao mRNA alvo da futura clivagem), fica. Há um mecanismo de instabilidade da região 5´ do dsRNA que favorece a permanência da fita complementar no complexo.
O passo seguinte do caminho para a interferência é o pareamento entre o RNA fita simples contido na Argonauta e o mRNA alvo. A probabilidade de um pareamento errôneo é muito remota, já que é preciso que haja o pareamento exato de pelo menos 19 das bases.  Assim que o pareamento for feito, duas coisas podem ocorrer:
  • se o mRNA não estiver sendo traduzido, ele será clivado.
  • se o mRNA estiver sendo traduzido, o Argonauta se liga a ele e leva a um bloqueio da tradução.
Em ambos os casos não vai haver mais a síntese de proteínas a partir do mRNA-alvo. Este é o objetivo da interferência de RNA.

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